O que é o normalismo?
É a ideia de que como verdade, bem ou natureza humana não existem, de verdade fora da nossa mente. Segundo essa visão, esses conceitos seriam apenas nomes que criamos para agrupar coisas semelhantes, mas que, no fundo não correspondem a nenhuma realidade verdadeira. Para os normalistas a palavra homem e apenas uma etiqueta para colocar pessoas parecidas mas que não existe uma natureza comum e real que compartilhem.
Essa maneira de pensar e muito diferente do que a igreja ensinou através do que chamamos de realismo, especialmente o realismo moderado de Santo Tomas de Aquino, para ele o conceitos como homem, bem e verdade apontam para realidades verdadeiras.
Existe sim uma natureza humana que e comum a todos os homens existe uma verdade objetiva que vem de Deus existe um bem que e real e pode ser conhecido pela razão o realismo.
“Verdade e aquilo que corresponde a realidade ao que Deus criou.” Já para o normalismo “verdade” pode variar, depende do que cada um quiser chamar de verdade.
Para o realismo todos os seres humanos têm a mesma dignidade. Porque compartilham a mesma natureza criada por Deus.
Para o normalismo dignidade poderia ser apenas uma ideia inventada pela sociedade, e não algo realmente existente. Entender essa diferença é essencial porque dela depende a forma com que enxergaremos o mundo o ser humano e a própria fé, se acreditarmos que as coisas criadas por Deus tem uma verdade e um sentido real nossa vida se orienta de forma firme e segura. Se pensarmos como normalistas tudo se torna incerto, variável e a fé sendo como simples opinião pessoal.
O normalismo apareceu no final da idade media em uma época de grandes mudanças na sociedade e na cultura europeia. Foi um período de instabilidade, onde muitas pessoas começam a questionar verdades que até então eram vistas como certas. Nesse ambiente de incertezas alguns pensadores começaram a ensinar que alguns conceitos universais não tinham existência real um dos primeiros a defender essa ideia foi Roscelino de Compiegne no século XI. Ele afirmava que apenas os indivíduos existiam de verdade, e que os conceitos gerais como humanidade e bondade eram apenas nomes sem valor real.
Mais tarde no século XIV surgiu o Guilherme de Ockham, talvez o mais conhecido dos normalistas, ele foi ainda mais longe nos conceitos e na realidade dizendo que não podiam provar a razão nem a existência de Deus apenas crer por fé o normalismo não e apenas uma opinião filosófica errada, ela se torna na verdade uma heresia quando nega conceitos universais, como homem, justiça e verdade que eles existam.
Para nos católicos esses conceitos não são invenções mas refletem a realidade que Deus mesmo criou e sustenta, quando se afirma que não existe uma natureza humana verdadeira e que o homem e apenas um nome isso ataca diretamente a dignidade da criação, a sagrada escritura ensina que, Deus criou o homem sua imagem e semelhança.
Com uma natureza boa e ordenada se negamos essa natureza corremos o risco de negar a responsabilidade moral que temos perante a Deus, sem uma base real para o bem e o mal cada um passa a decidir por si mesmo o que e certo ou errado.
O normalismo atinge o próprio modo como compreendemos a revelação Divina que a palavra de Deus nos revela verdades eternas e não impressões ou concisões humanas.
As consequências disso na igreja são: Uma igreja baseada em sentimentos e opiniões e não na rocha firme revelada por Deus, é por isso que ao longo do tempo dos séculos a igreja sempre defendeu que existe uma verdade objetiva uma ordem real nas coisas criadas que pode ser conhecida pela razão e iluminada pela fé uma vez que o normalismo nega à existência real dos conceitos universais as consequências disso foram profundas uma delas foi a separação de fé e razão se a razão humana não pode conhecer as verdades universais então a fé passa a ser vista como algo cego e isolado separado da realidade isso enfraquece o que a igreja sempre pregou que fé e razão andam juntas e si iluminam mutuamente. Outra consequência foi a relativização da moral, se conceitos como bem e mal são apenas invenção humana então não existe uma moral verdadeira e objetiva cada pessoa e cada sociedade define o que e certo ou errado de acordo com suas preferencias foi assim que o normalismo abriu as portas para a filosofias baseadas no individualismo e no subjetivismo aonde cada um e a medida de si mesmo esse modo de pensar preparou o terreno para as revoluções culturais e religiosas, o protestantismo nasceu no ambiente já enfraquecido de que não havia uma verdade única, depois veio o iluminismo que colocou a razão humana acima de tudo mas uma razão sem raízes no real e finalmente o ateísmo moderno que nega a existência de Deus e de qualquer verdade eterna.
Os erros que vemos espalhados pelo mundo são frutos daquele antigo normalismo, quando se deixou de acreditar que existe realidade verdadeiras e imutáveis e começou a crescer que cada um tem sua verdade esse e o relativismo moral de o que e certo para um poder ser errado para outro e ninguém mais e obrigado a buscar a verdade que vem de Deus.
Depois tem o subjetivismo se os conceitos universais não tem existência real então tudo passa a depender do sentimento ou da vontade de cada um, surge assim a ideia que eu defino o que e certo ou errado sem reconhecer nenhuma autoridade superior nem a razão natural nem a lei Divina isso gera um sociedade confusa aonde não se sabe o que é justo ou injusto, bom ou mal, outro erro grave e a crise de identidade se nagamos a existência real da natureza humana então cada um pode inventar para si uma identidade própria como hoje na ideologia de gênero e em tantas outras confusões a pessoa deixa de se reconhecer como criatura de deus feito sua imagem e passa a si ver como um ser sem natureza definida moldado apenas por seus desejos momentâneos.
Até mesmo a fé sofreu com essas consequências para muitos crer em Deus passou a ser uma questão de emoção ou de opção pessoal e não mais adesão firme a verdade revelada a fé se reduz a um sentimento passageiro sem ligação com a realidade objetiva esse e o grande drama do mundo moderno e afastar-se da verdade e se levar a perde o sentido da vida.
Em resposta a isso a igreja sempre defendeu a verdade de que a criação tem uma ordem e que os universais homem, justiça e verdade existem de forma real. A igreja fiel ao ensinamento de Cristo ensina que a razão humana, iluminada pela fé, pode conhecer a realidade como ela é, e que Deus criou todas as coisas com um proposito e uma ordem divina.
Essa visão permite entender o mundo como um reflexo da sabedoria e da bondade de Deus.
A filosofia de Santo Tomas de Aquino especialmente a sua doutrina do realismo moderno foi fundamental para a resposta da igreja. Para São Tomas de Aquino os universais não são apenas palavras ou nomes mais refletem realidades verdadeiras criadas por Deus ele mostrou que a razão humana pode compreender essas realidades e que a fé e a razão não estão em conflito mais se ajudam mutualmente pela buscada verdade, Papas como Leão XIII, na encíclica Aeterni Partris de 1849, reafirma a importância da filosofia Tomista como base para a filosofia cristã Leão XIII convidou os católicos a retornarem ao pensamento de São Tomas de Aquino de combater as heresias modernas e manter a fé viva e solida.
Mais recentemente o Papa XVI também ressaltou a importância dessa tradição filosófica lembrando que ela nos oferece uma visão do mundo e compreende a verdade revelada por Deus para resistir aos erros do nominalismo no dia de hoje, é essencial que busquemos uma educação solida, tanto na fé quanto na razão além disso e crucial uma formação a doutrina católica e na tradição filosófica da igreja, isso ajuda a proteger a nossa fé contra os erros modernos e nos fundamentos necessários para viver de acordo com a verdade revelada por Deus.
Por Flávio Alexandre – Consagrado da Comunidade Fidelidade