O relacionamento entre o divino e o humano deveria ser algo como “inevitável” como o ar está para os pulmões, mas, cada vez mais o homem (criatura) se envolve em tramas para se distanciar do seu criador e com isso se descaracteriza das mais diversas formas seja pelo seu comportamento, estilo de vida ou até mesmo a sua identidade.
No ano de 2005 o então Papa João Paulo II na 20° Jornada Mundial da Juventude na Alemanha disse “Todos somos chamados à santidade, e só os santos podem renovar a humanidade.”
Neste discurso inflamado pelo Espírito Santo, o Santo Padre pedi que sejamos testemunha neste mundo e o produto da santidade é a busca incessante por Cristo. Dar testemunho Dele nesta sociedade que insiste em expurga-lo todos os dias “… mas, onde abundou o pecado, superabundou a graça.” (Rm. 5-20), ou seja, por mais que se torne frequente a rebeldia do homem, Jesus Cristo será sempre maior a todo este mal pelos séculos sem fim.
A busca pela santidade não reside somente em objetivo que se atinge sozinho ou tampouco, algo que passa por si mesmo, mas, é uma busca com o coletivo e doando-se para o outro. De forma generosa a minha vida se entrelaça com a do outro e assim com as boas obras eu cumpro a vontade de Deus. Claro não se resume em atitudes como “atravessar a vovó na rua” e sim com obediência à Cristo, isso sim nos leva a santidade.
Atualmente somos seduzidos com vários caminhos de prazeres imediatos que nos confundem e nos aprisionam a ficar andando em círculos (roda do rato), fadados a várias opções que na verdade perdemos tempo escolhendo e assim escolhemos errado e procuramos justificativas para nossas escolhas com a tendência sempre de colocar a culpa nos outros, nos “terceiros” me protegendo em uma “torre” construída de tijolo a tijolo de mimimi, vitima de mim mesmo mas, deixando acesso zero para as pessoas a minha volta e assim entrando em uma perseguição ferrenha a mim mesmo mas, colocando a culpa no outro pela minha falta de decisão, preguiça, coragem, vontade de ir além, comodismo, satisfazer meus prazeres como “eu mereço” e aí se perde em uma vida sem frutos, crescimento e cheia de arrependimentos.
Vamos para uma reflexão: _no calvário Jesus foi crucificado entre dois ladrões, assim diz na palavra e aqui destaco São Lucas 23,33 “…Aí foram crucificados os três; Jesus ao centro e os dois criminosos um de cada lado.” Interessante destacar que naquele momento um dos criminosos desafiou Jesus para que ele provasse quem É e assim descesse, mas não somente, deveria também os tirar (os criminosos) daquela situação. Logo em seguida o outro criminoso repreendeu-o de forma austera e corrigiu-o porque a situação “era justa por causa de seus erros anteriores” e logo reconheceu o senhorio de Jesus e assim Jesus pode dizer para ele que “hoje mesmo estaria com ele no paraíso” (Lc. 23,43), enfim, o que entendemos disso?
Jesus foi crucificado pelos nossos pecados e sem culpa, mas, aqueles que estavam ao seu lado eram merecedores daquela sentença, daquele castigo, daquela justiça humana. Jesus estava ali como inocente, eu pergunto em quantos momentos nós tomamos atitudes, “decisões contrárias” que Jesus no pedi e aí quando vem as consequências destas “decisões contrárias” eu começo a dizer estou carregando uma cruz… Perco o tempo duas vezes! Escolhendo errado e depois tratando das consequências destas más escolhas.
Na verdade, eu preciso entender que as consequências de minhas decisões são como plantar algo hoje para colher amanhã. Pode parecer clichê dizer, mas, eu devo dizer… A vida é feita de escolhas!!! Eu li uma frase muito interessante que diz assim: “Sou livre para escolher, mas, sou escravos de minhas escolhas.” Se colocarmos isso no plano espiritual será maravilhoso, mas, a tendência desta sociedade é colocar no plano material e com certeza será uma tragédia.
Quero dizer que nesta dualidade do fazer e ser, os indivíduos encontram consolo nos desafios, inspiração nas vitórias e um sentido mais profundo de pertencimento e transcendência. A nossa relação com Deus molda valores, influencia escolhas e oferece uma fonte de esperança que transcende as circunstâncias terrenas. Em última análise, o relacionamento entre o divino e o humano é um caminho de descoberta espiritual que enriquece a experiência humana e proporciona um alicerce para a compreensão do sublime no cotidiano.
Não se trata de tentar acertar ou tampouco fazer o que apareci, está em obedecer a aquilo que Deus quer. Vai muito além de fazer aquilo que eu acho certo, e sim fazer o que Deus quer. A minha bússola deve ser Deus e para isso, passar pelos momentos ouvindo Deus e fazer o que Ele me pediu. Não tem outra opção. Por mais certo que eu ache que estou fazendo, pode ser que não é o que Deus quer. Deus não precisa do seu estoque de boas atitudes, da sua produção de coisas durante o dia, Ele quer você. Tem gente demais falando de Deus e poucas vivendo com Deus, muitas pessoas dentro da igreja, mas, a igreja não está dentro delas.
Concluo falando de alguém que deu muita produção, muito estoque que preencheu muitas ordens de serviço para conquistar mais produção, este excelente funcionário foi Saulo.
A jornada de Saulo, também conhecido como São Paulo, é notável e inspiradora. Inicialmente chamado Saulo, era um fariseu fervoroso que perseguia os seguidores de Jesus. Como foram retratados como ameaça ao reinado de Roma eles foram perseguidos. No entanto, sua trajetória sofreu uma transformação dramática na estrada indo para Damasco.
Durante essa experiência, o então Saulo teve um encontro direto com Jesus, que o cegou temporariamente e o chamou para uma missão transformadora. Essa virada radical resultou em uma profunda conversão e entrega à fé cristã, marcando o início de uma jornada extraordinária de transcendência de metanóia.
Ou seja, à partir daqui Jesus deixou claro que não queria a produção e sim o perseguidor, aquele que mudou o nome para viver outra realidade, outra identidade. Não somente externamente, mas, internamente, um coração forjado na compreensão do chamado e nas dores que viriam no exercício da obediência. Ao longo de sua vida, Paulo desempenhou um papel crucial na disseminação do cristianismo, viajando extensivamente e escrevendo várias epístolas que se tornaram parte integral do Novo Testamento. Suas cartas, como as dirigidas aos Coríntios, Gálatas e Romanos, não apenas instruíram as comunidades cristãs, mas também ofereceram profundos insights teológicos sobre a graça, a justificação pela fé e o amor cristão.
A jornada de Paulo foi marcada por desafios, incluindo perseguições, prisões e sofrimentos, mas sua fé inabalável o sustentou em meio às adversidades. Ele testemunhou em primeira mão o poder transformador da mensagem cristã e dedicou sua vida a compartilhá-la com o mundo. Foi como uma sinergia o testemunho de conversão de Paulo contagiava as pessoas, e ao mesmo tempo ele via a graça de Deus acontecer no meio do povo e assim todos eram mergulhados no Espírito Santo. Aqui destaco a capacidade da fé não apenas para conversão, mas também para influenciar e moldar os destinos de nações. Fantástico e necessário nos tempos atuais.
A conversão de São Paulo é um testemunho de como a fé pode transcender as barreiras, redimir os pecadores e impactar positivamente o mundo ao nosso redor. Isso podemos chamar de santidade. Deus não quer migalhas, o tempo que sobra, a nossa produção como belas pregações, músicas, oratórias ou qualquer coisa que nosso corpo produza ele quer a nossa obediência, a nossa vida. Ele quer que sejamos santos. Homens e mulheres dispostos a fazer uma escolha que é Jesus Cristo. A busca pela santidade não é algo isolado em um determinado espaço e tempo… “quando eu era jovem fazia ou acontecia…” na verdade está busca é durante todo o tempo, em qualquer lugar que estamos, durante toda nossa vida. Eu espero evangelizar até o enfermeiro que vai trocar as minhas fraldas na terceira idade se precisar e se eu chegar nesta idade. [rsrsrs]
O mundo saiu dos trilhos. Diante desta realidade intensifica ainda mais a nossa busca pelo sagrado, entendo que hoje este mundo está sendo inundado de várias coisas que passam longe da vontade de Deus, mas, a igreja, a Comunidade Católica Fidelidade da qual sou membro, são como barcos salva vidas nos levando até Deus, preservando a nossa vida onde que, caem alguns pingos (pecado) em nós, mesmo dentro do barco, mas, Jesus está no barco para nos secar (perdão) e assim seguimos.
Experimentamos diversas paixões no mundo, mas, nenhuma deve mudar o curso da nossa história a não ser o amor por Jesus. Ele que me atrai e renova todos os dias o meu chamado e assim ao final do dia eu descanso porque “vale a pena”.
“Vamos em frente, temos muito para fazer.”
Por Edson Moreira – Consagrado da Comunidade Fidelidade