Uma vez que os homens haviam de tal modo perdido a razão e a sedução demoníaca tudo se envolveu em sobras, ocultando o conhecimento do verdadeiro Deus, que teria Deus de fazer? Guardar silêncio diante de tal situação e deixar os homens, enganados pelos demônios, ignorarem Deus?
Então de que vale criar no começo o homem a imagem e semelhança de Deus? Seria simplesmente criá-lo privado da razão, Ou, se criado como um ser inteligente, não deixá-lo viver com irracional.
Afinal, para que serviria dar-lhe desde o começo a noção de Deus?
De fato tal coisa não era viável aos homens, apesar de terem sidos criados segundo a imagem. Nem aos, uma vez que eles não são imagens. Por isso, o Verbo de Deus veio ele próprio, a fim de que, sendo a Imagem do Pai, possa recriar o homem segundo a imagem.
Além do mais, tal fato não podia acontecer sem a destruição da morte e da corrupção.
Por conseguinte, convinha que assumisse um corpo mortal a fim de aniquilar em si a morte e renovar os homens segundo a imagem. Para tal, nenhum outro precisava senão dar imagem do Pai.
E como uma imagem esculpida na pedra com o tempo e degradação da pedra ela vai perdendo os traços é necessário para restaurar a imagem outra imagem ou a própria pessoa para que a pedra possa ser refeita.
De igual modo, o Filho santíssimo do Pai, Imagem do Pai, veio à terra a fim de renovar o homem que fora feito de conformidade com ele, e a fim de recuperar o que estava perdido, perdoando-lhe os pecados, conforme diz ele próprio no evangelho: “Vim procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10). Também declarou aos judeus: “Quem não nascer…” (Jo 3,5 ). Não é uma menção ao nascimento de mulher, como os próprios judeus supunham, mas ao renascimento e restauração da alma segundo a imagem. – Por Flávio Alexandre – Missionário da Comunidade Fidelidade.